Prado Veppo

PRADO VEPPO

(Porto Alegre, 1932 – Santa Maria, 1999)

      Luiz Guilherme do Prado Veppo foi filho único de Altino Paim Veppo e de Alba Rosa do Prado Veppo. Aos dois anos, perdeu a mãe, que morreu vítima de tuberculose. O pai tornou a se casar com Helena que deu muito carinho ao menino. Em 1960, formou-se na primeira turma de Medicina da UFSM. Neste mesmo ano, mudou-se para São Paulo, ficando, durante dois anos, fazendo residência na Escola Paulista de Medicina, continuando sempre a produzir poesia.

      Em 1962, de volta a Santa Maria, publica seu primeiro livro, Alba tempo e rosa. Em 1964, casou-se com Zélia Maria Braga. Publicou O andarilho. Em 1965, publicou três poemas na coletânea Apresentação da poesia santa-mariense, organizada por Luiz Alberto Rodrigues e Tarso Genro.

   Nos anos 1970/71, cursa Endocrinologia na Escola Paulista de Medicina e no Hospital das Clínicas de São Paulo. Em 1975, publicou Espada de Flor, seu terceiro livro. Neste ano, já havia retornado a Santa Maria. Em 1994, publicou Passos do vislumbre, pelo Instituto Estadual do Livro, sendo a primeira e única edição não custeada pelo autor. Em 1995, publicou o livro de poemas Os breves. Em 1996, lançou as obras O girassol azul e Quarteto in prosa e verso. Esta última foi publicada juntamente com Orlando Fonseca, Humberto Zanatta e Vitor Biasoli.

   Em 1997, foi patrono da 26ª Feira do Livro de Santa Maria. Em 1998, publicou Cavaleiros da vida e da morte, como parte das comemorações dos 35 anos de fundação do Curso de Medicina de Santa Maria. Neste mesmo ano, voltou a figurar na obra coletiva Quarteto in prosa e verso, juntamente com Orlando Fonseca, Humberto Zanatta e Vítor Biasoli.

   Também destacou-se com letras de canções premiadas: O bugio (1981), em parceria com Luis Carlos Borges e o Grupo Horizonte, recebendo o título de canção mais popular na II Tertúlia Musical;  hino para o Colégio Coração de Maria; Meu poema mais brasileiro, com música da professora Ellen Rolin; Onde fica Uruguaiana, com melodia do professor e maestro Frederico Richter; O açude (1990), primeiro lugar na Coxilha Nativista de Cruz Alta; Decisão (1992), com música de Ellen Rolin, interpretação de Gelson Manzoni integrou o disco Musipoemas. Em 1978, recebeu o primeiro lugar no Concurso Literário Felippe D’Oliveira, com a poesia O cão. No dia 13 de agosto de 1999, vítima de complicações cardíacas, morreu na UTI do Hospital de Caridade de Santa Maria.

TÍTULOS

             Alba tempo e rosa – Santa Maria, 1962

            O andarilho – Santa Maria, 1964

            Espada de flor – Santa Maria, 1975

            Passos do vislumbre – Porto Alegre, 1993

            Os breves – Santa Maria, 1995

            Girassol azul – Santa Maria, 1996

            Quarteto in prosa e verso – Santa Maria, 1996

            Cavaleiros da vida e da morte – Santa Maria, 1998

            Quarteto em prosa e verso II – Santa Maria, 1998

SELETA

O CÃO

Há um cão dentro de mim lambendo as horas

Feridas pelos golpes das demoras

Há um cão dentro de mim de longas unhas

Intimidando a acusação das testemunhas

Há um cão dentro de mim nos desatinos

Com os afiados punhais dos seus caninos

Há um cão dentro de mim a roer os ossos

De todos os meus pecados e remorsos

Há um cão dentro de mim de olhar tristonho

Com a cabeça num dos joelhos do meu sonho

Há um cão dentro de mim que sente frio

Onde à beira do passado tem um rio

Há um cão dentro de mim nas primaveras

Um soberbo animal entre quimeras

Há um cão dentro de mim pulando a esmo

Em torno da alegria de si mesmo

Há um cão dentro de mim sobre um fonema

No azul limite esférico do poema

Há um cão dentro de mim uivando à Lua

Pois todo cão leva um lobo pela rua

Há um cão dentro de mim múltiplo e vário

Que vai me acompanhar até o calvário.

Passos do vislumbre. Porto Alegre: IEL, 1994.