Narrativas da década de 1930

HISTÓRIA E SOCIEDADE: NARRATIVAS DA DÉCADA DE 1930

Nesta etapa da pesquisa, buscou-se averiguar a ocorrência de ficção histórica, examinando seu desenvolvimento no Brasil durante o século XX. Como parte do trabalho de busca de fontes, foram confeccionadas planilhas de títulos de narrativos lançadas na década de 1930.

  • QUEIROZ, Rachel de. O Quinze.
    Ano da 1ª publicação: 1930

DESCRIÇÃO:
A obra retrata a grande seca de 1915 no sertão nordestino, apresentando denúncias
através de temas que se desenrolam diante das dificuldades da seca, tais como:
sistema patriarcal, estrutura fundiária, relações sociais e familiares, esquecimento
perante o restante do país.

  • BASTOS, Abguar. Terra de Icamiaba.
    Ano da 1ª publicação: 1931

DESCRIÇÃO:
A história principal é contada de maneira linear, mas, no curso desta, também
aparecem histórias paralelas que possuem relação entre si. Para escrever essas
histórias paralelas, o autor utiliza-se de lendas e mitos.

  • AMADO, Jorge. O País do Carnaval.
    Ano da 1ª publicação: 1931

DESCRIÇÃO:
O primeiro romance de Jorge Amado é visto como um relato da intelectualidade
brasileira do século XX. Paulo Rigger, personagem principal, contesta a
mestiçagem, a partir da análise do Carnaval, como causa do atraso em relação à
metrópole.

  • PALHANO, Lauro. O gororoba.
    Ano da 1ª publicação: 1931

DESCRIÇÃO:
Primeiro romance a colocar um operário como uma personagem principal e a
concentrar as ações em volta de um ambiente de proletariado.

  • REBELO, Marques. Oscarina.
    Ano da 1ª publicação: 1931

DESCRIÇÃO:
A trama de Oscarina retrata o processo de transformação e queda de Jorge, que
compromissado com a ricaça Zita, sucumbe à esperta Oscarina que o chantageia e,
depois, o abandona. Em relação à estrutura, a obra é uma narrativa que inicia já
com a ação em andamento, através de um jantar de família, no qual o leitor percebe
que o protagonista cai em uma confusão que ele próprio criou.

  • REGO, José Lins do. Menino de Engenho.
    Ano da 1ª publicação: 1932

DESCRIÇÃO:
Em Menino do Engenho, José Lins do Rego parte da visão infantil do narrador da
história para mostrar como viviam os escravos trabalhadores dos engenhos e os
coronéis da época, trazendo um panorama da sociedade açucareira. Além disso,
pode-se dizer que a obra tem um fundo autobiográfico, já que, em muitas
passagens, traz recordações da própria infância e adolescência do autor.

  • QUEIROZ, Rachel de. João Miguel.
    Ano da 1ª publicação: 1932

DESCRIÇÃO:
A escritora nos apresenta um estudo surpreendentemente atento – levando em
conta a ficcionalidade pura do relato – dos sentimentos do preso. A injustiça social,
tema posto em relevo pelo romance nordestino, limita-se a ser pano de fundo na
história, ao mesmo tempo, que é determinante na condição do protagonista.

  • FONTES, Amando. Os Corumbas.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
Com a trama ambientada no nordeste brasileiro, Os Corumbas apresenta a saga de
uma família que decide migrar para a capital do Estado em busca de emprego, na
perspectiva dos avanços do país.

  • VERISSIMO, Erico. Clarissa.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
O romance tem como personagem principal a jovem Clarissa, filha de fazendeiros, que aparecerá também nos romances Música ao longe e Caminhos cruzados. Muda-se para Porto Alegre a fim de estudar, e descobre, na pensão em que mora, situações nada comuns para ela: infidelidade dos casais, problemas de saúde, o sofrimento de famílias, discussões políticas e a paixão amorosa.

  • RAMOS, Graciliano. Caetés.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
Neste romance, em primeira pessoa, aparecem duas instâncias de narração
diferentes entre si: o livro que o narrador-personagem, João Valério, escreve (cujo
título também é Caetés) não se assemelha ao romance escrito por Graciliano;
entretanto, o narrador-personagem acaba por se inscrever entre essas duas linhas,
colocando-se ele próprio e toda sociedade de Palmeira dos Índios analogicamente
como índios caetés.

  •  AMADO, Jorge. Cacau.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
O segundo romance do autor inicia o Ciclo do Cacau. Narra as histórias dos
trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia, apresentando a difusão de
ideias socialistas entre o universo narrado.

  • VIEIRA, José Geraldo. A mulher que fugiu de Sodoma.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
Esta obra narra a história de Mário, um viciado em jogo que é abandonado pela
esposa. Ela, então, refugia-se na casa de uma amiga rica, onde acaba usufruindo
uma vida de luxo. Após algumas tentativas de se recuperar, o protagonista sofre
uma recaída de seus vícios e se afunda cada vez mais. À beira da morte, ele se
reencontra consigo mesmo e com Deus.

  • REGO, José Lins do. Doidinho.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
Integrante do Ciclo da Cana de Açúcar, a obra é a continuação de Menino de Engenho (1932). O livro apresenta características de romance de memória regionalista, incorporando, na trama, os engenhos de açúcar da Paraíba, sua riqueza e decadência com o aparecimento das usinas.

  • PEREIRA, Lúcia Miguel. Maria Luísa.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
Primeira obra da escritora Lúcia Miguel. Nesta obra, a personagem principal Maria Luísa, que dá nome ao romance, passa por um doloroso processo de conhecer a si
mesma. Este processo é desencadeado a partir de uma discussão com o marido, Artur, e é agravado depois que Maria trai o companheiro com seu melhor amigo. O romance explora o sentimento de culpa da protagonista, o desconhecimento de si e sua vulnerabilidade.

  • REBELO, Marques. Três Caminhos.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
A questão central da obra envolve a reação de familiares em relação à morte. A
narrativa traz características temporais diversas e intercaladas, mostrando como as
perdas afetivas e a morte precoce dos mais velhos transferem as relações da
família do ambiente campestre para o ambiente urbano, num processo também de
perdas materiais.

  • GALVÃO, Patrícia. Parque Industrial.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
Obra que retrata o proletário brasileiro, lembrando que se entende como proletária
uma temática que traz personagens e uma ambientação referentes à classe
operária. O romance possui uma influência de Oswald de Andrade, trazendo
recursos expressivos modernistas. A obra tem como papel principal abranger as
interações de personagens da classe operária com outras personagens de classe
média alta. Com o enfoque da vida nas fábricas, nos cortiços paulistanos do Brás, o
cenário traz pequenos dramas da vida cotidiana.

  • JUNIOR, Peregrino. Matupá.
    Ano da 1ª publicação: 1933

DESCRIÇÃO:
Nesta obra revelam-se várias faces do autor, tais como: contador de histórias,
ensaísta crítico, médico e professor. O tema da obra, em Matupá, é a visão do
mundo amazônico.

  • MARTINS, Fran. Manipueira.
    Ano da 1ª publicação: 1934

DESCRIÇÃO:
O livro explora duas perspectivas: a religiosidade, sendo caracterizada pelo autor
como fanatismo religioso e também a violência das relações sociais.

  • RAMOS, Graciliano. São Bernardo.
    Ano da 1ª publicação: 1934

DESCRIÇÃO:
De acordo com Bosi, Graciliano Ramos mostra, através do foco narrativo, que “[…]
seria capaz de configurar o nível de consciência de um homem que, tendo
conquistado a duras penas um lugar ao sol, absorveu na sua longa jornada toda a
agressividade latente de um sistema de competição. […] Tragédia do ciúme, no
plano afetivo, e, ao mesmo tempo, romance de desencontro fatal entre o universo
do ter e o universo do ser, São Bernardo fica na economia extrema de seus meios
expressivos, como paradigma de romance psicológico e social da nossa literatura.”
(BOSI, 2006, p. 403).

  • AMADO, Jorge. Suor.
    Ano da 1ª publicação: 1934

DESCRIÇÃO:
Ambientado na ladeira do Pelourinho, o romance apresenta um panorama sobre a
vida dos trabalhadores subjugados pelo sistema capitalista, sacrificados pelos
salários baixos e condições precárias de saúde, alimentação e bem-estar.

  • REGO, José Lins do. Banguê.
    Ano da 1ª publicação: 1934

DESCRIÇÃO:
Banguê é um romance de transição, no sentido em que o romancista julga libertar-
se da predominância da memória, para continuar a realizar uma obra sobre sua paisagem de origem, agora propriamente de fora para dentro. Daí a razão daquele
tom autobiográfico, rememorativo da evocação nos dois primeiros romances (Menino de Engenho e Doidinho), repletos da nostalgia de cenas da infância, ceder lugar à ação presente em Banguê, enquanto o romancista cria muito mais do que exprime uma vivência evocadora.

  • CARDOSO, Lúcio. Maleita.
    Ano da 1ª publicação: 1934

DESCRIÇÃO:
A obra baseia-se em informações de um progenitor e sobre a história de Pirapora-
MG na última década do século XIX. O local desenvolveu-se graças à construção de
um depósito de tecidos, conhecido como a Companhia de Tecidos Cedro e
Cachoeira. O romance também é construído através de descrições dos tipos
regionais dos nativos, dos imigrantes, de traços da cultura popular e do sistema de
crenças, sem se perder de vista o poder local, a paisagem ribeirinha e a dinâmica
criada pelos meios de transporte integrando o município ao sistema econômico
regional.

  • PENNA, Cornélio. Fronteira.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
Em primeira pessoa, a narrativa mostra o tom introspectivo através de uma
sequência descontínua de um diário. Este diário pertence a uma personagem
anônima. A única representação que caracteriza tal personagem é que se trata de
um parente que retorna anos depois para o velho casarão da família. Neste
casarão, a personagem vira testemunha de uma trama inesperada que envolve a
Tia Emiliana, que possui um comportamento maquiavélico e devoto, o que induz a
dona da casa. Maria Santa, a jejuar e deixar-se “virar” uma produtora de milagres.
Através do processo de santificação de sua amiga, o narrador procura decifrar a
causa de seus próprios remorsos.

  • MACHADO, Dyonélio. Os ratos.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
Segundo Bosi (História concisa da literatura brasileira, 2006, p. 419), a narrativa
de Os Ratos é “[…] uma reconstrução miúda e obsedante da vida da pequena
classe média ralada pelas agruras do cotidiano.” É possível notar, no romance, “[…]
a obsessão do encarceramento, a angústia do ser humano preso à condição urbana
e sob o regime do terror, qualquer que seja o tempo histórico que lhe tenha sido
dado viver” (BOSI, 2006, p. 419).

  • VERISSIMO, Erico. Música ao Longe.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
O romance apresenta Clarissa como personagem principal, agora professora na
pequena Jacarecanga. Descendente de família de tradição agrária, os Albuquerque,
com a chegada da indústria, percebe seus familiares extremamente ligados à
tradição do nome sucumbindo às mudanças na cidade e às dívidas financeiras.

  • VERISSIMO, Erico. Caminhos Cruzados.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
Romance urbano que apresenta a dualidade entre a riqueza e a pobreza, sobretudo
na cidade de Porto Alegre.

  • AMADO, Jorge. Jubiabá.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
A partir da figura do personagem central, Antônio, o autor narra as características da
alegre Bahia, destacando-se personagens pitorescos, como o pai de santo Jubiabá,
que protege Antônio.

  • ALMEIDA, José Américo de. O Boqueirão.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
“Retrata os anos vinte. Descreve o drama social que se desenvolve em torno de
uma barragem construída a partir da presidência de Epitácio Pessoa, por técnicos e
firmas norte-americanas. O autor centraliza o enredo sobre o choque de culturas na
região sertaneja de tradição patriarcal e fechada, colocando as obras contra a seca
como um fator importante para o desenvolvimento regional por trazerem luz elétrica,
economia assalariada, emancipação da mulher, automóvel e outras inovações da
época”. (Fundação Casa de José Américo)

  • ALMEIDA, José Américo de. Coiteiros.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
Narra flagrantes de região remota, dando uma visão do que seja o sertão, seus
costumes, enfocando também a seca do nordeste brasileiro e o cangaço. Os
coiteiros eram pessoas que acolhiam esses cangaceiros em suas casas.

  • REGO, José Lins do. O Moleque Ricardo.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
A obra apresenta um socialismo que se afasta de certas coordenadas
neonaturalistas dos primeiros romances. É o romance mais político de José Lins. A
realidade nordestina é retratada no personagem Ricardo, que, de moleque e
serviçal de engenho, passa a proletário urbano. É o romance satélite do ciclo da
cana-de-açúcar.

  • CARDOSO, Lúcio. Salgueiro.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
Salgueiro é uma obra densa e complexa, onde o morro ganha destaque e se torna o
protagonista da história. As personagens são levadas por uma “força selvagem”,
que as carrega para um destino atormentado. A obra é dividida em três partes – O
Avô, O Pai e O Filho. O Morro do Salgueiro, localizado no Rio de Janeiro, é
caracterizado como um lugar diferente, um lugar que traz problemas para a cidade.
O romance sinaliza e diferencia nitidamente o morro, o alto, e as mediações da cidade. As personagens possuem certo ódio e dificuldade para demonstrar seus
sentimentos. O romance tenta responder o seguinte questionamento: o que é
possível esperar de pessoas brutalizadas que vivem à margem da sociedade?

  • REBELO, Marques. Marafa.
    Ano da 1ª publicação: 1935

DESCRIÇÃO:
Em Marafa, temos mais um retrato, com grande fidelidade, do povo e do dia-a-dia
de uma cidade provinciana, recém-construída: o Rio de Janeiro na primeira metade
do século XX. O carnaval, a boemia, as malandragens, as brigas, as discussões e
toda a forma de falar característico são reproduzidos na obra pelo escritor carioca,
com grande empolgação e muito humor.

  • VERISSIMO, Erico. Um Lugar ao Sol.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
Com o mesmo núcleo de personagens do romance anterior (Música ao longe), narra
a mudança da família Albuquerque para Porto Alegre, motivada pela morte de João
de Deus, que havia participado da oposição ao governo. A obra apresenta-se como
uma crítica às tradições políticas do interior do estado.

  • RAMOS, Graciliano. Angústia.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
Narra a solidão “[…] de um pequeno funcionário, de veleidades literárias, mas
condenado a esgueirar-se na mornidão poenta das pensõezinhas de província […]
Tudo nesse romance sufocante lembra o adjetivo ‘degradado’ que se opõe ao
universo do herói problemático. […] A experiência mais moderna, e até certo ponto
marginal, de Graciliano.” (BOSI, 2006, p. 403).

  • AMADO, Jorge. Mar Morto.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
A obra narra o nascimento, a vida e a morte do personagem Guma, história vista
como uma lenda nos cais. Ao mesmo tempo, o autor apresenta as condições
miseráveis às quais são submetidos os trabalhadores do mar.

  • VIEIRA, José Geraldo. Território humano.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
Em Território humano, vemos a caracterização do espaço carioca; é um romance
que se aproxima ao testemunho. A começar pelo nome da personagem principal,
Germano, que deriva diretamente do nome do autor, José Geraldo Manuel Germano
Vieira. Todas as características/feições biográficas mais largas do autor foram
transportadas para a personagem: a mesma idade, o mesmo ambiente familiar, a
mesma formação – medicina com especialização em Paris e Berlim logo depois da
primeira Guerra.

  • REGO, José Lins do. Usina.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
Romance que encerra o chamado “ciclo da cana-de-açúcar”. Ao retornar da prisão
para o engenho de Santa Rosa, Ricardo se depara com uma realidade
completamente transformada pela industrialização, reflexo da acentuada
desintegração do sistema latifundiário brasileiro.

  • REGO, José Lins do. Histórias da Velha Totônia.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
Única obra de José Lins do Rego para o público infantil.

  • PALHANO, Lauro. Paracoera.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
Em O Gororoba, o autor mostra as divisões proletárias em Belém, mistura o bumba-
meu-boi com o samba carioca ouvido no rádio. Em Paracoera, retrata ainda um
barqueiro do rio São Francisco que canta sucessos do rádio em sua cantoria rio
abaixo.

  • CARDOSO, Lúcio. A luz no subsolo.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
O romance é dividido em quatro partes e trata das agruras de um casamento
fracassado.

  • JÚNIOR, Peregrino. Histórias da Amazônia.
    Ano da 1ª publicação: 1936

DESCRIÇÃO:
Assim como em outras obras do autor, nesta temos como temática central a visão
do mundo amazônico, o jeito de imaginar do nativo e as questões geográficas que
levam ao mistério dos mitos e à poesia das lendas.

  • BASTOS, Abguar. Safra.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
A obra apresenta as histórias dos ciclos econômicos pelos quais a Amazônia
passou, como o ciclo da borracha, e os legados que este período deixou para a
região. Mas Safra trata principalmente do ciclo do ouro negro ou da castanha, que
ocorre no rio Coari, localizado no interior do Amazonas.

  •  FONTES, Amando. Rua do Siriri.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
A história começa com um evento que tem grande influência na vida das
personagens principais: a ordem de mudança de todas as mulheres de “vida fácil”
para a rua do Siriri, indicação do chefe de Polícia do Estado. Algumas das
protagonistas, Esmeralda, Mariana, Angelina e Tita não concordam com tal ordem,
mas logo em seguida obedecem como tantas outras mulheres.

  • PINTO, Aureliano de Figueiredo. Memórias do Coronel Falcão.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
A obra foi escrita em 1937, porém foi publicada apenas trinta e seis anos depois, em
1973. Em tom de sátira, apresenta o universo rio-grandense das três primeiras
décadas do século XX. Tem como personagem principal o Coronel Falcão, um
estancieiro que possui a maior autoridade em seu município. Em torno da mudança
de seu status, de homem do campo para administrador público, é que o romance se
desenrola.

  • ANJOS, Cyro dos. O Amanuense Belmiro.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
Segundo Bosi (2006, p. 418), “[…] o escritor mineiro narra, em primeira pessoa,
menos a vida que as suas ressonâncias na alma de homens voltados para si
mesmos, refratários à ação, flutuantes entre o desejo e a inércia, entre o projeto
deletério e a melancolia da impotência. O diário é a estrutura latente desse tipo de
narração e o enredo tende a perder os contornos, as divisões nítidas, e a diluir-se
no fluxo da memória que vai evocando os acontecimentos”.

  •  MARTINS, Cyro. Sem rumo.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
A obra inaugura a trilogia do gaúcho a pé, que compõem um vasto painel de uma
época em crise, fixando um momento histórico em que ocorrem profundas
transformações socioeconômicas na campanha gaúcha.

  • AMADO, Jorge. Capitães da Areia.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
Ambientado na cidade de Salvador e num país com clima de progresso, logo após a
chegada de Vargas ao poder, o romance narra as histórias de um grupo de
adolescentes intitulado Capitães da Areia. Ao narrar as histórias do grupo, o autor
apresenta as situações de calamidade enfrentadas no “novo” país, que não evolui
nos moldes desejados.

  • ORICO, Osvaldo. Seiva.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
Ambientado na Amazônia, trava um diálogo com o romance social. Nesta obra,
temos a caracterização de personagens naturais do lugar e os estrangeiros que são
empregados em grandes firmas comerciais. No decorrer do enredo, um caboclo se
apaixona por uma inglesa.

  • FARIA, Octavio de. Mundos Mortos.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
Na obra Mundos Mortos, ocorrem as primeiras situações que desencadeiam os
movimentos da Tragédia Burguesa. Em um colégio católico, um número grande de
alunos duvida das características da fé e da própria existência de Deus. Este
momento retrata a perda da pureza da infância. Ivo Freitas encontra um caminho
insano com tendências sexuais, apela para o Padre Luis, seu confessor, e para
orações. Aos poucos perde a luta e cai de vez em uma vida de devassidão. Roberto
Dutra que nutre uma grande paixão por Carlos Eduardo, revolta-se contra o
procedimento repressivo do reitor do colégio e abandona de vez a fé na Igreja e em Deus. Ambos terminam como vítimas, restando-lhes somente o sofrimento da culpa
que os persegue.

  • WAYNE, Pedro. Xarqueada.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
Numa linha cara aos romancistas de 30, Pedro Wayne apresenta o funcionamento
de uma charqueada localizada na região da campanha no Rio Grande do Sul, na
década de 1930.

  • QUEIROZ, Rachel de. Caminho de Pedras.
    Ano da 1ª publicação: 1937

DESCRIÇÃO:
A obra é uma criação literária engajada, que traz à baila uma série de questões
ligadas sobretudo à miséria, às lutas sociais e políticas da classe operária em
Fortaleza.

  • VERISSIMO, Erico. Olhai os lírios do campo.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
Romance urbano, narra a história de Eugênio, rapaz humilde que se forma médico.
Erico Verissimo mostra os processos de transformação de Eugênio: da condição de
indivíduo guiado mais pela expectativa dos outros do que por si mesmo, para a
condição de indivíduo autônomo e consciente de si, sujeito de suas próprias
decisões.

  • MARTINS, Fran. Poço dos paus.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
Obra enquadrada na tradição do romance não-realista do modernismo brasileiro.
Tendo como ponto de partida a construção de um açude, em torno dos flagelados
da seca ou os que abandonavam seu torrão em busca de um sonho de vida melhor,
é um quadro rude de nossa realidade.

  • RAMOS, Graciliano. Vidas Secas.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
“A rejeição assume dimensões naturais, cósmicas, em Vidas Secas, a história de
uma família de retirantes que vive em pleno agreste os sofrimentos da estiagem. […] Vidas Secas abre ao leitor o universo mental esgarçado e pobre de um homem,
uma mulher, seus filhos e uma cachorra tangidos pela seca e pela opressão dos
que podem mandar […].” (BOSI, 2006, p. 404).

  • REGO, José Lins do. Pedra Bonita.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
A obra retrata a região nordeste a partir da história da humilde Vila do Açu. Além
disso, o cangaço tem presença marcante na narrativa de Pedra Bonita.

  • PEREIRA, Lúcia Miguel. Amanhecer.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
Amanhecer é um romance característico da década de 1930. Embora possua
muitas semelhanças em relação aos romances anteriores da autora, pois mantém e
retrata o foco sobre as escolhas e conflitos no crescimento de uma jovem, é um
romance mais elaborado para o momento no qual se encontra, possui um contexto
ideológico da década de 30.

  • CARDOSO, Lúcio. Mãos vazias.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
De mãos vazias, Ida, umas das personagens principais, retrata a insatisfação do
casamento e mostra que este é feito de aparências.

  • REBELO, Marques. A Estrela Sobe.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
Ambientado no Rio de Janeiro, entre o morro e o centro comercial, A Estrela Sobe
apresenta um centro urbano em crescimento, no início do surto de desenvolvimento
econômico do país. Luzia, a personagem principal, personifica a transição do
sistema arcaico para o sistema moderno à medida em que se transfere da periferia
para o centro, num rápido – e perigoso – sucesso, que tem em vista o estrelato na
era do rádio.

  •  MORAIS, Raimundo de. Os Igaraúnas.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
Em um barracão à margem do Tocantins, este livro retrata o choro do uirapuru, a
luta entre a sucuriju e a anta, a farta pescaria nos rios ainda límpidos.

  • MORAIS, Raimundo de. O mirante do Baixo Amazonas.
    Ano da 1ª publicação: 1938

DESCRIÇÃO:
Chamado de “o romance da montanha”, o cenário é a paisagem do município de
Monte Alegre, às margens do Rio Amazonas.

  • PENNA, Cornélio. Dois romances de Nico Horta.
    Ano da 1ª publicação: 1939

DESCRIÇÃO:
O romance narra a história de Nico Horta, personagem protagonista, que desde o nascimento sofre com a indiferença dos pais, que dão preferência ao seu irmão gêmeo, Pedro. Nico vive um conflito existencial durante toda a narrativa.

  •  REGO, José Lins do. Riacho Doce.
    Ano da 1ª publicação: 1939

DESCRIÇÃO:
Em Riacho Doce, entra em cena o poder do petróleo em terras brasileiras. Para
narrar os diversos desequilíbrios sociais do nordeste, o casal de suecos que
encontra a riqueza na economia petrolífera. Além disso, narra os encantos da
personagem Edna com o povo brasileiro.

  • QUEIROZ, Rachel de. As Três Marias.
    Ano da 1ª publicação: 1939

DESCRIÇÃO:
Neste livro, Rachel de Queiroz traça um painel da condição feminina, de sua
limitada margem de escolha, dos sonhos que se chocam com a dura e implacável
realidade. As personagens se veem, assim, diante da opressão sexual de um lado,
e da total carência de esperanças do outro. A obra mostra o papel reservado às
mulheres em uma realidade patriarcal, discriminatória e austera.

  • MOOG, Vianna. Um rio imita o Reno.
    Ano da 1ª publicação: 1939

DESCRIÇÃO:
A história dessa obra é baseada na realidade: retrata uma família alemã, no sul do
Brasil, que se baseia em Hitler e pratica os mais variados preconceitos. Os
protagonistas Geraldo Torres, brasileiro de tez morena, e Lore Wolf, imigrante
alemã, vivem um romance que não dá certo, muito em decorrência de questões de
intolerância racial e fanatismo ariano.

 

Fontes principais de pesquisa:

ANDRADE, Almir de. Aspectos da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Schmidt, 1939.

AGUIAR FILHO, Adonias. O Romance Brasileiro de 30. Rio de Janeiro: Bloch, 1964.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2017.

BUENO, Luis. Uma história do romance de 30. Campinas: Editora UNICAMP, 2006.

GRIECO, Agripino. Gente Nova do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1935.

MONTENEGRO, Olívio. O Romance Brasileiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1938.