NARRATIVA E IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA

SÉCULO XIX

A presente súmula apresenta uma lista de títulos significativos da formação e primeiro desenvolvimento da narrativa literária brasileira. A começar por exemplos pioneiros como O aniversário de D. Manuel em 1828 (1939) e Jerônimo Corte-Real (1840), esboços que pertencem à fase anterior ao próprio desenvolvimento da prosa romanesca em nossa literatura. O perfil ligado a temas nativos – natureza, história, lendas e relatos do cotidiano, impresso pela primeira geração de prosadores autenticamente artífices do nacionalismo romântico – aquela nascida entre 1820 e 1830 – logrou duradouro percurso. Nomes como Justiniano José da Rocha, Francisco de Paula Brito, João José de Souza e Silva, Francisco Varnhagen, Joaquim Norberto, Teixeira e Souza, Joaquim Manuel de Macedo, Gonçalves de Magalhães, Nísia Floresta, Manoel Carigé Baraúna, Manoel de Araújo Porto Alegre e Antonio Freitas do Vale Caldre e Fião fazem parte da literatura e da história gaúcha. Em nossa listagem, rastreamos alguns desdobramentos verificados ao longo do século XIX, os quais dão conta de formas de representar o mundo empenhadas em plasmar o rosto da identidade nacional. 

SÚMULA CRONOLÓGICA DE AUTORES E OBRAS

  • ANÔNIMO. A Ressurreição de Amor (crônica rio-grandense).

Ano da 1ª publicação: 1839

DESCRIÇÃO: Publicada em 4 partes no Jornal do Comércio entre os dias 23 e 27 de fevereiro de 1839, o que predomina é o clima de mistério e terror, certamente emprestado ao romance “negro”, tão popular no Brasil como na Europa. Por excesso de amor, Francisco, seu protagonista, viola o túmulo da amada apenas para descobri-la viva, no melhor estilo do gótico inglês. Tendo como cenário a cidade de Porto Alegre, a narrativa exibe uma fratura formal, na medida em que não há qualquer relação de causalidade, nem unidade orgânica, entre enredo e espaço, numa época em que a narrativa de ficção dava seus primeiros passos na cena brasileira.

 

  • SILVA, Pereira da. O aniversário de Dom Miguel em 1828. 

Ano da 1ª publicação: 1839

DESCRIÇÃO: Entre os primeiros folhetins brasileiros, O Aniversário de Dom Miguel em 1828, de Pereira da Silva, foi publicado em 1839, e conta as desventuras amorosas de um jovem casal que vive sob a tirania do rei português Dom Miguel. Primeiro folhetim de um autor brasileiro, trazendo uma história que se passa em Portugal, ainda com conteúdo europeu.

 

  • SILVA, Pereira da. Jerônimo Corte Real (ou 1839).

Ano da 1ª publicação: 1840

DESCRIÇÃO: O romance é passado no Rio de Janeiro do século XVII, quando da revolta de 1660, liderada por Jerônimo Barbalho Bezerra. O Ostensor Brasileiro, periódico onde o folhetim foi divulgado, saía aos sábados sem indicação de data. 

 

  • VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. A crônica do descobrimento do Brasil.

Ano da 1ª publicação: 1840

DESCRIÇÃO: Publicada entre os dias 18 de janeiro a 28 de março de 1840, em forma de folhetim, na revista portuguesa O Panorama. Depois,  no diário do Rio de Janeiro, entre os dias 10 e 23 de junho do mesmo ano.

 

  • SUSANO, Azambuja. Um roubo na Pavuna.

Ano da 1ª publicação: 1843

DESCRIÇÃO: Antes mesmo de Alencar, o romance histórico brasileiro já dava seus primeiros passos, e, de acordo com o estudo de José A. Pereira Ribeiro em O romance histórico na literatura brasileira o primeiro romance abordando as relações entre a Literatura e a História foi Um roubo na Pavuna de Azambuja Suzano, publicado em 1843, posto tratar-se de um evento conhecido à época e que serviu de pano de fundo para a narrativa.

 

  • GUIMARÃES, Vicente Pereira de Carvalho. Jerônimo Barbalho Bezerra.

Ano da 1ª publicação: 1845

DESCRIÇÃO: Publicado sem indicação de autoria no Ostensor Brasileiro, Jornal Literário Pictoreal, de Vicente Pereira de Carvalho Guimarães e João José Moreira, Rio de Janeiro.

 

  • SUSANO, Azambuja. O Capitão Silvestre e Frei Veloso ou A plantação de café no Rio de Janeiro.

Ano da 1ª publicação: 1847

DESCRIÇÃO: A pequena história, de apenas 58 páginas, é apontada como o primeiro romance do café. Fora o nítido propósito de propaganda, podemos encontrar na narrativa intenções sociais bem interessantes e algumas bastante avançadas para o tempo. A crítica ao clero, por exemplo. Luís Azambuja Susano também pregou em seu romance a emancipação da mulher pela voz da personagem Madame Dacier.

 

  • TEIXEIRA E SOUZA, Antônio Gonçalves de. Gonzaga ou A Conjuração de Tiradentes.

Ano da 1ª publicação: 1848

DESCRIÇÃO: Teixeira e Souza foi precursor do romance brasileiro como o conhecemos. Afrodescendente e contemporâneo de uma época em que se buscava uma identidade literária para o novo país independente. Ressaltamos, em particular, o texto de Antonio Candido, Sob o signo do folhetim (Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981), no qual o crítico traz um bom estudo sobre a ficção de Teixeira e Sousa.

 

  • AUGUSTA, Nísia Floresta Brasileira. Dedicação de uma amiga.

Ano da 1ª publicação: 1850

DESCRIÇÃO: Obra em dois volumes publicada no Brasil quando Nísia Floresta  já havia se mudado para a Europa. Trata-se de um romance histórico, em que ela assina como “B. A.” (Brasileira Augusta). De acordo com historiadores, este é o primeiro romance publicado por alguém nascido no Rio Grande do Norte.

 

  • OLIVEIRA, Cândido Batista de. Lúcia de Miranda.

Ano da 1ª publicação: 1851

DESCRIÇÃO: Ambientado no Brasil de 1532. Ensaio romântico sobre um acontecimento trágico da conquista do Rio da Prata, publicado no Guanabara, n.9.

 

  • CALDRE E FIÃO, José Antônio do Vale. O Corsário.

Ano da 1ª publicação: 1851

DESCRIÇÃO: O Corsário é um romance que trata das aventuras do corsário Vanzini no Rio Grande do Sul, a serviço, ora dos Farrapos, ora dos seus próprios interesses. Trata-se de um relato da época. Toma um episódio que foi comum nas costas do Sul – naufrágio de navios veleiros, na altura do Tramandaí.

 

  • NORONHA, Joana Paula Manso de. Misterios del Plata*

Ano da 1ª publicação: 1852

DESCRIÇÃO: Romance histórico-didático. O foco da narrativa é a prisão de Valentín Alsina, líder unitário que pretendia deixar o exílio e retornar à pátria, e sua libertação final graças aos seus aliados e, sobretudo, graças à coragem de sua mulher.

*O título da obra se manteve em espanhol pois entre os anos de 1852 e 1854 a autora esteve exilada no Brasil devido à ditadura rosina. Durante esse período ela criou e dirigiu o “O Jornal das Senhoras: Modas, Litteratura, BellasArtes, Theatros e Critica”, publicado no Rio de Janeiro. A cada edição do “Jornal”, entre janeiro e junho de 1852, Manso incluiu capítulos de “Misterios del Plata”.

 

  • NOVAIS, Justino de Figueiredo. Fernando e Margarida.

Ano da 1ª publicação: 1853

DESCRIÇÃO: Romance histórico ambientado no Rio de Janeiro.

 

  • ALMEIDA, Manuel Antônio de. As memórias de um sargento de milícias. 

Ano da 1ª publicação: 1854-1855

DESCRIÇÃO: Projeto de revelação dos costumes em uma narrativa que tem seus principais eventos situados no período em que a Corte Portuguesa esteve no Brasil, ou seja, entre 1808 e 1821.

 

  • TEIXEIRA E SOUZA, Antônio Gonçalves de. As Fatalidades de Dois Jovens.

Ano da 1ª publicação: 1856

DESCRIÇÃO: As histórias literárias brasileiras, em sua maioria, atribuem a Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa importância histórica pela precedência na publicação de romances no Brasil, destacando os problemas formais e estéticos de suas produções em prosa.

 

  • VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Caramuru.

Ano da 1ª publicação: 1857 (original publicado no Florilégio em 1853)

DESCRIÇÃO: Varnhagen foi o historiador oficial do Segundo Reinado e um dos primeiros expoentes da “historiografia erudita” no Brasil. O seu ensaio O Caramuru perante a história tem como principal objetivo provar a falsidade histórica do relato da visita de Diogo e sua esposa à Europa. A contribuição de Varnhagen ao mito do Caramuru não se limita a seu papel de historiador. No final do ensaio e depois de todo seu ceticismo em relação à autenticidade da lenda como um todo, ele é incapaz de negar o quanto a história se prestava a propósitos literários e confessa a autoria de ainda outra versão da lenda. Ele se refere a O Caramuru, Romance histórico brasileiro, publicado pela primeira vez em 1853 em sua própria antologia Florilégio da poesia brasileira com o subtítulo de “O matrimônio de um bisavô”.

 

  • ALENCAR, José de. O Guarani.

Ano da 1ª publicação: 1857

DESCRIÇÃO: O guarani, de José de Alencar, foi o primeiro romance indianista brasileiro. A trama segue duas linhas: a dimensão épica das aventuras e a dimensão lírica das relações amorosas. Destaca-se a construção da nacionalidade, a partir do mito da integração entre colonizado e colonizador (representados no romance pela relação de Peri e Ceci).

 

  • ALENCAR, José de. As minas de prata.

Ano da 1ª publicação: 1862-66

DESCRIÇÃO: As minas de prata, de José de Alencar, é uma espécie de modelo de romance histórico tal como esse tipo de romance é imaginado pelos ficcionistas. O livro retrata a Bahia do século XVII, com vários personagens envolvidos na história das lendárias Minas de Prata.

 

  • ALENCAR, José de. Iracema.

Ano da 1ª publicação: 1865

DESCRIÇÃO: Obra de maior excelência do indianismo de José de Alencar, Iracema é um romance de fundação escrito em prosa poética, cujo enredo se passa no início de 1600. Trata-se de uma explicação poética para as origens do Ceará.

 

  • ALENCAR, José de. Guerra dos Mascates.

Ano da 1ª publicação: 1873

DESCRIÇÃO: Trata-se de uma crônica dos tempos coloniais.

 

  • ALENCAR, José de. Alfarrábios: crônicas dos tempos coloniais.

Ano da 1ª publicação: 1873

DESCRIÇÃO: Sob esse título, publicado em 1873, Alencar reuniu três histórias em dois volumes, dedicadas à vida no período colonial. No primeiro, veio O Garatuja, romance baseado num episódio narrado por Baltasar da Silva Lisboa, nos Anais do Rio de Janeiro; no segundo, duas novelas escritas ainda no tempo de estudante, A alma de Lázaro e O ermitão da Glória.

 

  • ALENCAR, José de. Ermitão da Glória.

Ano da 1ª publicação: 1873

DESCRIÇÃO: O  Ermitão  da  Glória é  uma  obra  pouco conhecida  de  José  de  Alencar,  publicada  pela primeira vez em 1873 pela editora Garnier. No livro, a cidade do Rio de Janeiro, no início do século XVII, é cenário para o desenrolar da narrativa que conta as aventuras e desventuras românticas do jovem Aires de Lucena, em sua luta contra os invasores franceses e holandeses e contra o destino.

 

  • ALENCAR, José de. O Garatuja.

Ano da 1ª publicação: 1873

DESCRIÇÃO: Uma das obras menos conhecidas de Alencar, o romance O Garatuja, foi escrito no esteio de grande polêmica entre a Igreja Católica e a Maçonaria. Logo, mostra como o país confundia-se com a arenga entre o poder eclesiástico e o poder civil.

 

  • ALENCAR, José de. Ubirajara.

Ano da 1ª publicação: 1874

DESCRIÇÃO: Ubirajara é um dos romances indianistas de José de Alencar, que teve como intuito promover a nacionalidade a partir da imagem dos povos originários. Na visão do nacionalismo romântico, o índio, protagonista da história, representa a base da formação do povo brasileiro. Dessa forma, o romance reconstrói a imagem do indígena, defende sua cultura e tenta evidenciar as diferenças entre ele e os europeus.

 

  • ARAÚJO E AMAZONAS, Lourenço da Silva. Simá.

Ano da 1ª publicação: 1857

DESCRIÇÃO: O romance narra, no plano histórico, o massacre da nação indígena dos Manau pela armada portuguesa e, no plano individual, o destino trágico da heroína, apresentada como uma vítima inocente do conflito entre Portugal e Espanha. A forma desse pioneiro romance do indianismo brasileiro é, paradoxalmente, inseparável daquela utilizada pelas epopeias anteriores, ao contrário do que sugere a definição de romance histórico por Lukács.

 

  • GUIMARÃES, Bernardo. O Ermitão de Muquém.

Ano da 1ª publicação: 1869

DESCRIÇÃO: Primeiro romance regionalista brasileiro, escrito em 1858 e publicado em 1869, ano em que Bernardo Guimarães começou a ganhar fama como romancista. O Ermitão de Muquém conta-nos a história da fundação da romaria de Muquém, na Província de Goiás, manifestação religiosa que se repete desde a segunda metade do século XVIII no povoado próximo a Niquelândia, a 400 quilômetros de Brasília e expõe em toda a sua simplicidade, crueza e exuberância nativa as intenções nacionalistas. Opõe à descrição das florestas e praias dos índios a descrição dos largos campos sertanejos e do homem que os habita.

 

  • GUIMARÃES, Bernardo. Maurício.

Ano da 1ª publicação: 1877

DESCRIÇÃO: Maurício ou Os paulistas em São João Del Rey é um romance de costumes, que detalha os valores, os costumes e as morais de uma sociedade complexa. A obra apresenta uma representação de como seria a vida tradicional nas populações rurais. Em Maurício,  um importante momento histórico é a Guerra dos Emboabas, conflito entre paulistas e estrangeiros pelo domínio da exploração na região das Minas.

 

  • SUSANO, Azambuja. A baixa de Matias.

Ano da 1ª publicação: 1858 

DESCRIÇÃO: Romance que não segue o caminho maniqueísta e moralista. Há muitos anti-heróis e o maior deles é Matias, rapaz pobre cujas aventuras são revestidas por uma engraçada ingenuidade na busca pela sobrevivência.

 

  • COARACY, José Alves Visconti. Jovita ou Voluntária da Morte.

Ano da 1ª publicação: 1876/1877

DESCRIÇÃO: Segundo Blake, a obra traz “o retrato de Jovita, trajando a blusa de voluntário da pátria. Refere-se a uma rapariga cearense, que à corte do império apresentou-se com o fim de servir na campanha do Paraguai”.

 

  • FILGUEIRAS, D. C. Adelaide de Sargans.

Ano da 1ª publicação: 1869

DESCRIÇÃO: Rio de Janeiro, 1869. Obs: Publicado no Jornal das Famílias.

 

  • AZEVEDO, Manuel Duarte de Moreira de. Criminosos célebres.

Ano da 1ª publicação: 1872

DESCRIÇÃO: Criminosos Célebres é formado por episódios históricos. O tema da obra refere-se aos criminosos Pedro Hespanhol, Vasco de Moraes e aos salteadores da Ilha da Caqueirada.

 

  • AZEVEDO, Manuel Duarte de Moreira de. No Tempo do Rei.

Ano da 1ª publicação: 1899

DESCRIÇÃO: Conto histórico. Rio de Janeiro, 1899, 196 págs. in-8º.

 

  • MACEDO, Joaquim Manoel de. Mulheres de Mantilha.

Ano da 1ª publicação: 1871

DESCRIÇÃO: As Mulheres de Mantilha é um romance histórico do ano de 1870, escrito por Joaquim Manuel de Macedo e pode ser considerado o retrato do Rio de Janeiro quando se tornou a capital do Brasil, em meados do século XVIII.

 

  • VILELA, Carneiro. Noivados originais: Histórias históricas.

Ano da 1ª publicação: 1873

DESCRIÇÃO: Publicado em 1873 com o título de “Fantasias”. A primeira edição em livro é de 1873, sob o título de “Fantasias”.

 

  • BARRETO, Antônio de Victor de Sá. Ituzaingó.

Ano da 1ª publicação: 1873

DESCRIÇÃO: A obra trata sobre a história militar sul americana em torno da Batalha de Ituzaingó ou Passo de Rosário, na guerra de 1825 a 1828, entre o império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina). Para comemorar o sucesso brasileiro, o qual dava como favas contadas, D. Pedro I teria mandado compor a “Marcha da Vitória”. Mas o plano falhou: em um confronto cujo resultado é motivo de discórdia até hoje, os castelhanos levaram a música como troféu. Além de cantar vitória, os argentinos rebatizaram a melodia de “Marcha de Ituzaingó” — a versão castelhana para o nome Passo do Rosário.

 

  • TAUNAY, Visconde de. Retirada de Laguna.

Ano da 1ª publicação: 1874

DESCRIÇÃO: Livro célebre, do Visconde de Taunay, talvez o maior da bibliografia militar brasileira. Relato simples, comedido e eloquente de tudo o que ocorreu com a expedição, organizada em Santos, destinada a invadir o Paraguai pelo norte. A retirada que se seguiu à invasão foi trágica e repleta de acontecimentos amargos e dramáticos, que Taunay descreve com as cores mais vivas.

 

  • TÁVORA, Franklin. O Cabeleira.

Ano da 1ª publicação: 1876

DESCRIÇÃO: O Cabeleira conta a história de José Gomes (o Cabeleira) e seu pai Joaquim Gomes, ambos precursores do cangaço do nordeste brasileiro, e suas desventuras por Pernambuco. Cabeleira é um homem naturalmente bom (como acreditavam os românticos) que é corrompido pelo pai e pelo meio (característica dos naturalistas), age várias vezes por instinto, mas reforma-se pelo todo-poderoso amor. A obra de Franklin Távora é de valor histórico pois constitui-se como um romance regionalista do século XIX, época em que o gênero começava a se desenvolver.

 

  • TÁVORA, Franklin. O Matuto.

Ano da 1ª publicação: 1878

DESCRIÇÃO:

O Matuto é um romance que tematiza o conflito entre mascates e nobres no período do Brasil Colônia em Pernambuco. Na obra, o narrador descreve minuciosamente todos os acontecimentos que culminaram em uma guerra sangrenta.

 

  • TÁVORA, Franklin. Lourenço.

Ano da 1ª publicação: 1881

DESCRIÇÃO:

Em seus romances, Franklin Távora pôs em destaque a precariedade da vida do sertanejo, a propagação do banditismo e os malefícios que a ausência de uma educação de qualidade traz à sociedade. Lourenço carrega esses elementos de forma visionária, antecipando discussões contidas no romance regionalista de 30. A história começa com Távora apresentando o contexto político e social do enredo ao leitor. Com a chegada de Félix José Machado ao poder, ocorreu a inauguração do pelourinho (construído na Guerra dos Mascates), escandalizando a nobreza pernambucana e levando-a a buscar ajuda do bispo D. Manuel Alves da Costa, consultor de grande influência junto ao governo.

 

  • RIBEIRO, Júlio. Padre Belchior Pontes.

Ano da 1ª publicação: 1876

DESCRIÇÃO: Trata-se de uma narrativa que conta a trajetória biográfica do religioso que a intitula, e que se passa na Vila de São Paulo de Piratininga deslocando-se também para os sertões mineiros quando da marcha da tropa paulista em direção à chamada Guerra dos Emboabas. Romance histórico que evoca a vida paulista no começo do século XVIII. A rivalidade entre os habitantes de Piratininga e os portugueses de Minas Gerais tem como destaque o empenho dos jesuítas e a figura venerada de Padre Belchior, cercada de profundas apreensões e de constantes tormentas.

 

  • JUNIOR, Bernardo Taveira. Celio.

Ano da 1ª publicação: 1877

DESCRIÇÃO: Romance publicado em folhetins na revista Progresso Literário. A partir da leitura do folhetim Celio, percebe-se a representação da cidade como aristocrática e opulenta que reforça a perspectiva historiográfica. Nesta obra, Taveira Junior critica a busca pela ostentação e pelos recursos financeiros da sociedade elitista da cidade de Pelotas/RS.

 

  • PATROCÍNIO, José do. Os Retirantes.

Ano da 1ª publicação: 1879

DESCRIÇÃO: A partir dos escritos de José do Patrocínio, podemos avaliar o impacto simbólico que a miséria dos retirantes causou nas mentes cultas do final do Império, ao expressarem uma visão moralizante sobre a desagregação das famílias sertanejas, constituindo-se a seca de 1877 como um momento de ruptura da ordem senhorial, base de constituição da nação brasileira. Os Retirantes tematiza o processo de retirada, em que as famílias sertanejas, esgotadas todas as fontes de recursos, próprios ou distribuídos pela caridade ou pelo governo, deixam suas pequenas cidades ou fazendas para procurar o apoio e a ajuda do governo na capital da província, Fortaleza.

 

  • POMPÉIA, Raul. Uma tragédia no Amazonas.

Ano da 1ª publicação: 1880

DESCRIÇÃO: Em Uma tragédia no Amazonas, vemos uma representação discursiva e imagética da floresta amazônica que serve como cenário para o desenrolar da trágica chacina de uma família no interior do Pará. A sociedade escravista da época retratada na obra justifica sua relevância histórica.

 

  • PATROCÍNIO, José do. Pedro Hespanhol.

Ano da 1ª publicação: 1884

DESCRIÇÃO: José do Patrocínio não se preocupa com a referência a fatos reais e, para um leitor desavisado, Pedro Hespanhol era um personagem entre muitos daqueles que circulavam nos rodapés das folhas. Apesar disso, o romance se referia a fatos verídicos – o terremoto de Portugal em 1755 – e personagens verídicos – Marquês de Pombal, por exemplo. As ações da primeira parte possuem esse cenário como pano de fundo. Tais características transformam o romance em uma sequência de sensações, elemento intrínseco aos romances de crime, mostrando que o autor tinha um conhecimento pleno da técnica folhetinesca do corte diário e da construção de efeitos sensacionais. 

 

  • MALLET, Pardal. O esqueleto: Mistério da Casa de Bragança.

Ano da 1ª publicação: 1890

DESCRIÇÃO: Publicado em folhetins na Gazeta de Notícias de 17 a 31 de março de 1890, esta novela era assinada por Vitor Leal, pseudônimo de Olavo Bilac e Pardal Mallet. O esqueleto, com o subtítulo de “Mistério da Casa de Bragança”, narra a história de Satanás, mentor e protetor de Dom Pedro durante o período da independência do Brasil enfatizando a vida amorosa do Imperador e seus amigos. Ninguém sabe que Satanás mantém sua bela filha de 15 anos, Branca, trancada dentro de casa com uma acompanhante, com receio de que alguém possa ameaçar suas virtudes. Mas em sua primeira aparição pública, o desejo nasce tanto na menina quanto em seus diversos admiradores.

 

  • NETO, Coelho. O Morto: Memórias de um Fuzilado.

Ano da 1ª publicação: 1898

DESCRIÇÃO: Em O morto, obra publicada cinco anos após o término da segunda Revolta da Armada (1893), Josefino Soares, o protagonista, sofre os desmandos e a perseguição da ditadura florianista tal como a vivenciaram grandes nomes da Literatura e da História do Brasil.

 

  • MARQUES, Xavier. Pindorama.

Ano da 1ª publicação: 1900

DESCRIÇÃO: Pindorama é um romance histórico brasileiro da época do descobrimento do Brasil pelos portugueses.