AURELIANO DE FIGUEIREDO PINTO
(Tupanciretã, RS, 1898 – Santiago, RS, 1959)
Aureliano de Figueiredo Pinto foi médico, jornalista, poeta, historiador e escritor brasileiro. Nascido na fazendo de São Domingos (entre os municípios de Tupanciretã e Júlio de Castilhos), em 1898, iniciou seus estudos no Ginásio Santa Maria, terminando-os no Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.
Estudou medicina no Rio de Janeiro por dois anos, porém formou-se na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1931. Depois de concluído o curso, mudou-se para Santiago, cidade próxima à sua terra natal. Tomou parte ativa na Revolução de 1930, acompanhando como capitão-médico o primeiro piquete a entrar em Itararé. Sua produção literária foi constante, mas secundária em relação ao ofício de médico, e a publicação é praticamente toda póstuma. Em sua vida literária, colaborou com a Revista Kodak, com poesias líricas e simbolistas, e também com a Ilustração Pelotense. Assinava suas obras com os pseudônimos de Júlio Sérgio de Castro, Jorge Pena ou Jango Borba.
TÍTULOS
Romances de estância e querência, 1959.
Romances de estância e querência II, 1963.
Memórias do Coronel Falcão, 1973.
REFERÊNCIAS CRÍTICAS
METZ, Luiz Sérgio. Aureliano de Figueiredo Pinto. Porto Alegre: Tchê!, 1986.
OURIQUE, João Luís Pereira. As influências na poesia de Aureliano de Figueiredo Pinto. Literatura e Autoritarismo, n. 7, 2006. Disponível em: http://w3.ufsm.br/literaturaeautoritarismo/revista/num07/art_06.php
TORNQUIST, Helena. Aureliano de Figueiredo Pinto. Porto Alegre: IEL, 1989.
SELETA
QUERÊNCIA
Para o velho Domingos
I
Recordo… Um coxilhão, virgem do arado,
alto e estendido na campanha em frente.
Resfolegando a névoa ao sol nascente.
Na noite negra era um fortim sitiado.
Sombrio sob o crepúsculo indolente
nos paradouros acolhia o gado.
Promontório nas rotas di El-Dorado
ao luar e aos sonhos de um adolescente.
Tristão no inverno… Esplêndido na sanha
do estio fugindo… No horizonte aberto
a galopada das miragens foge.
Tão longe… E ainda a paisagem me acompanha
com o encanto das ilhas que no oceano incerto
as minhas naves descobrissem hoje…
II
Por toda parte onde eu andei, Querência,
pedaço de alma, te levei comigo.
A proteger-me como um poncho amigo,
ou estrela d´alva nos sertões da ausência.
Andante, chego ao teu galpão de abrigo.
Fogão e amargo! A missioneira essência.
E, pelo teu conselho em confidência,
forjei meu coração para o perigo.
Quantas vezes na ronda a noite andando
vieste em recuerdo, como irmã, sorrindo,
adoçando a amargura da inclemência.
Por ti, na Vida e no lidar em que ando,
a sorte, ou contra ou a favor, vem lindo!
só pelo orgulho de te honrar – Querência!
Fonte: ZILBERMAN, R.; MOREIRA, M. E.; ASSIS, L. A. Pequeno dicionário da literatura do rio Grande do Sul. Porto Alegre: Novo Século, 1999.